quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Preocupado, Bill Clinton vai à conferência sobre aids




O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton afirmou nesta segunda-feira no México que a aids, doença que afeta países ricos e pobres, é "um grande dragão" que só pode ser eliminado com o esforço de "milhões de pessoas".

Durante seu discurso na 17ª Conferência Internacional sobre a aids, Clinton advertiu que nos EUA também "há um ressurgimento" dessa doença, que afeta, sobretudo a população afro-americana, e alertou que, em todo o mundo, 80% das pessoas com o vírus não sabem que o têm.

Em uma sessão plenária intitulada "HIV/aids e a Reforma dos Sistemas de Saúde", Clinton utilizou a história de São Jorge para dar idéia de como se deve enfrentar a epidemia, com um esforço coletivo e decidido.

"O dragão mitológico foi morto por São Jorge, mas a aids deve ser eliminada por milhões e milhões de soldados do povo", disse.

O ex-governante democrata americano, que já tinha participado da Conferência Internacional sobre a Aids realizada em Toronto há dois anos, referiu-se à necessidade de haver em breve "acesso universal" à prevenção, ao tratamento e ao cuidado entre os soropositivos.

Neste sentido, elogiou a "grande liderança na luta contra a aids" que há na América Latina e no Caribe, uma região que enfrentou a epidemia com bastante decisão desde o princípio, o que lhe permite ter 1,93 milhão de pessoas infectadas apenas.

O ex-presidente comentou algumas das conquistas conseguidas durante seis anos pela fundação que leva seu nome, que começou apoiando os diagnósticos de HIV e foi ampliando suas atividades até entregar anti-retrovirais em 30 países, sobretudo na África.

Clinton citou a redução de US$ 600 para US$ 60 do preço do tratamento contra a infecção pediátrica do HIV e a redução de custos para os remédios de segunda linha.

O ex-chefe de Estado americano parabenizou o Governo de seu país por ter se comprometido a destinar em cinco anos US$ 48 bilhões à luta contra a aids, a malária e a tuberculose, mas pediu que se faça mais pelos afro-americanos, que correspondem a metade de casos no país.

Ele também insistiu na necessidade de aumentar os fundos para a luta contra o HIV, especialmente em pesquisa, mas lembrou que essa não é a única maneira de combater esta epidemia que afeta 33 milhões de pessoas, 22 milhões das quais vivem na África.

Clinton se mostrou convencido de que com a evolução nos sistemas de saúde dos países menos desenvolvidos é possível melhorar as condições de pessoas com HIV, especialmente nas zonas rurais.

O ex-presidente americano é a favor de que se apóie mais os trabalhadores dos sistemas de saúde do terceiro mundo, como o Fundo Mundial fez em Ruanda, para mantê-los naquele local, lutando contra a aids.

Ele lembrou que os obstáculos para a ação universal contra o HIV/aids não só dão resultados da pela "desigualdade nos sistemas de saúde e educação, mas também pela violência de gênero extensa e persistente".

"As mulheres estão suportando uma enorme carga como esposas, mães, avós e trabalhadoras da saúde na crise da aids. A violência e a discriminação contra elas não devem se somar a tudo isso", afirmou Clinton, que se mostrou a favor da criação, pela ONU, de uma agência específica para a mulher.

Antes de sua apresentação, o ex-ministro da Saúde do México Julio Frenk elogiou o ex-presidente americano, pois, segundo disse, ele desenvolveu "uma iniciativa visionária" do sistema de saúde que ficou demonstrado que "está na frente de seu tempo".

Frenk preside o Instituto Carso de Saúde, do magnata mexicano Carlos Slim, o segundo homem mais rico do mundo e colaborador com Clinton em trabalhos altruístas.

Enquanto Clinton fazia seu discurso, um grupo de ativistas exigiu com cartazes, de forma pacífica, casas para os infectados com o HIV.

EFE

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